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XVII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ
XVII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ

XVII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ Euwe x Alekhine, 1937
Euwe voltou a cometer o mesmo erro que antes cometeram Capablanca e Alekhine. Pensava que poderia voltar a vencer sem dificuldades seu adversário, e mal aconselhado, precipitou-se em conceder-lhe o encontro da revanche, que poderia demorar, já que o contrato não especificava data.
O Alekhine de 1937 já não era o de 1935. Aqueles dois anos de ex-campeão foram muito duros e tristes para um homem acostumado a vencer, a ser o número um e a não privar-se do álcool que minava seu organismo. Alekhine compreendeu que somente vencendo a si mesmo poderia derrotar Euwe, e com uma vontade de ferro, afastou-se de tudo que poderia prejudicar sua saúde.
Quando chegou o 05Out1937, dia seu segundo encontro com Euwe, ninguém acreditava nele, e muito menos quando perdeu a primeira partida. Mas Alekhine, com a saúde recuperada e a moral muito alta, ganha a segunda, empata as duas seguintes, e depois de perder a quinta, se impõe nas três seguintes. Euwe seria capaz de repetir a façanha anterior? De maneira nenhuma, pois seu rival já não era o mesmo, senão um homem cheio de fé que vence uma partida atrás da outra e chega aos 15,5 pontos que significavam a recuperação do Título em 25 partidas, com o avassalador resultado de +10 –4 =11.
Após ter perdido o Título, Euwe continua jogando numerosos torneios com pouco êxito até que começa a II Guerra Mundial e ainda perde um match contra Keres (Amsterdam, 1939, +5 –6 =3), ganha, entre outros, de Bogoljubow (Carlsbad, 1941, +5 –2 =3).
Finalizada a Guerra, parece que volta ao que era antes, vencendo o Torneio de Londres, 1946, e ficou a um ponto de ganhar o Torneio de Groninga, 1946, onde ficou em 2º lugar, atrás de Botwinnik.
Em 1948, como o Título Mundial havia ficado vago com a morte de Alekhine, organizou-se um torneio de 5 turnos para designar o novo Campeão e constituiu num amargo fracasso para Euwe, pois ficou em último lugar, vencendo apenas uma partida (contra Smyslov). Desde então, ainda que tenha jogado com freqüência e vencido numerosos pequenos torneios, seu nome começou a declinar, não obtendo nenhum primeiro prêmio de verdadeira importância. No xadrez, o tempo não perdoa.
Alekhine continuou conseguindo êxitos até a II Guerra Mundial, ainda que também alguns fracassos, como em A.V.R.O., 1938. No início da Guerra, estava em Buenos Aires, participando da Olimpíada, onde defende, pela França, o primeiro tabuleiro. Volta para a Europa e se incorpora ao exército francês como intérprete. Quando seu país de adoção se rende aos exércitos de Hitler, começa a jogar numerosos torneios na Alemanha nazista e países ocupados, ganhando importantes prêmios. No final de 1943, chega à Espanha, joga diversos torneios, nem sempre com êxito, e ao fim da Guerra, muda-se para Portugal, com a ilusão de que lhe convidem a participar do Torneio de Londres, 1946. Acusado de pró-nazismo, vê seu sonho de defender seu Título diante de Botwinnik se desmanchar.
Um dia, em um modesto hotel de Estoril, o maior lutador de todos os tempos aparece morto. Tinha um agasalho para proteger-se do frio e um tabuleiro diante de si. Nos bolsos, umas míseras moedas e naquele coração, já sem vida, desilusão e amargura.
Somente a morte pode tirar-lhe o Título!
Tanto Alekhine quanto Euwe escreveram importantes livros. Do primeiro mencionamos “Minhas Melhores Partidas”, os torneios de New York, 1924 e 1927, assim como “Gran Ajedrez” e “Legado”, estes dois últimos editados em espanhol. Euwe é autor de numerosos estudos sobre aberturas, “Estratégia e Tática” e muitos outros.